Anvisa proíbe cigarro eletrônico no Brasil
A Anvisa manteve a proibição do cigarro eletrônico no Brasil e defendeu a fiscalização rígida do comércio ilegal.
Ao analisar o relatório técnico sobre os impactos à saúde, a toxicidade e o que dizem as organizações internacionais, a decisão foi unânime: fica mantida a proibição, importação e propaganda dos dispositivos eletrônicos, em vigor desde 2009.
A Anvisa concluiu ainda que precisa melhorar essa resolução e vai intensificar a fiscalização para combater a oferta e o consumo.
“Sabemos, sim que existem contrabandos, descaminhos, falsificação de produtos que possivelmente contribuem para a piora de efeitos adversos do uso do produto em pauta. Mas isso não pode justificar jamais uma conclusão deliberativa da Anvisa sobre qualquer produto seja pela potencial perda tributária, seja pela possibilidade desleal de acerto e harmonização comercial do produto. Resguardar a saúde com segurança é o que deve fundamentar qualquer decisão”, diz a relatora Cristiane Jourdan.
Os cigarros eletrônicos foram pensados, inicialmente, como uma forma de ajudar as pessoas a largarem o vício do cigarro comum, o que nunca foi comprovado por pesquisas científicas.
Existem vários formatos e tamanhos. É um dispositivo acionado por bateria, que esquenta um líquido com várias substâncias químicas, incluindo a nicotina, que é viciante. O comércio ilegal corre solto e tem atraído principalmente jovens.
O Distrito Federal lidera o ranking nacional, na proporção de adolescentes entre 13 e 17 anos que consomem o produto de forma ilegal. Quase 31% já experimentaram o cigarro eletrônico.
“Afeta o desenvolvimento do sistema nervoso central justamente nessa fase ainda de desenvolvimento e além disso, traz consequências sobretudo sobre os sistemas respiratório e circulatório. Os estudos veem mostrando que os cigarros eletrônicos, eles tornam o indivíduo que faz uso muito mais suscetível a experimentar um cigarro tradicional e a se tornar um usuário”, explica a coordenadora de Prevenção e Vigilância do INCA Liz Maria de Almeida.
“Um produto que pode provocar várias doenças, principalmente vasculares, respiratórias e câncer. Já foram notificadas, até o momento, cerca de 80 substâncias dos aerossóis, sendo muitas delas tóxicas a cancerígenas. Por exemplo: propinolipol, acetona, coleina, metais pesados”, afirma Ricardo Meirelles, coordenador da Comissão de Combate ao Tabagismo/AMB
Na reunião desta quarta-feira (6), a Anvisa ouviu o alerta de entidades médicas e científicas sobre o tema.
“Eu acho que nós estamos criando já, não é que vamos criar no futuro, estamos criando já uma legião de crianças e adolescentes dependentes de nicotina. Na minha experiência pessoal, nicotina é a droga mais difícil de largar porque é a única droga que provoca crises de abstinência em minutos, 40 minutos, uma hora, duas horas depois de ter fumado, o fumante fica desesperado para fumar outra vez. Eu acho que nós temos que ter responsabilidade de não destruir todo esse trabalho que foi feito durante décadas por tanta gente para reduzir o número de fumantes no Brasil. Nós não podemos chegar nesta fase, em 2022, e deixar que viciem as nossas crianças, os nossos adolescentes. Nós estamos provocando uma epidemia de novos dependentes de nicotina. Isso é inaceitável”, diz o médico Drauzio Varella.