Variante predominante e nova cepa da Índia podem provocar 3ª onda de covid em MS

Desde o dia 11 de maio são registrados mais de 1 mil casos de Covid-19 por dia em Mato Grosso do Sul. O aumento de infecções pode ser causado pela variante P1, que é predominante no Estado. De acordo com especialista, a cepa tem potencial decisivo para levar MS a um novo pico da doença. Além disso, os Estadps da região Sul, que fazem fronteira com o nosso, estão em alerta para a variante da Índia, que parece ser mais contagiosa. 

O enfermeiro e doutor em Infectologia, Everton Lemos, afirma que a variante “pode ser responsável pelo aumento de número de casos e consequentemente hospitalizações”. Ele destaca que a P1 circula predominantemente no Estado e está diretamente ligada a uma nova onda de Covid-19.

De acordo com mapeamento realizado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), a P1 está presente em 22,7% dos casos confirmados em MS. Em março, 82% dos infectados no Estado apresentavam a variante encontrada originalmente em Manaus.

Outro fator que auxilia na chegada de um novo pico da doença no Estado são os afrouxamentos de medidas restritivas. Em 12 de maio, MS liberou eventos com até 50% do público. “O afrouxamento de medidas restritivas pode impactar no aumento da taxa de contágio no Estado”, comenta.

O Estado apresentou dois picos de Covid-19 durante a pandemia, o primeiro em agosto e outro em dezembro do ano passado. Mas quando MS irá passar pela terceira onda? “Isso vai depender da taxa móvel. Neste momento não é possível saber”, destaca o doutor em infectologia que é pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Outro risco: nova variante

Com a B.1.617, variante da Índia confirmada na Argentina, todos os países da América Latina estão em alerta. Com fronteira com Paraguai e Bolívia, MS pode ter entrada da nova cepa facilitada.

“Se não houver o fortalecimento das ações de vigilância, certamente as fronteiras abertas aumentarão essa chance de entrada”, explica o doutor em infectologia. Ele lembra que existe evidência que a transmissibilidade ou gravidade da cepa é maior.

Assim, se a variante da Índia entrar em MS, “podemos vivenciar uma situação tão grave quanto a que ocorreu nas ondas anteriores, com aumento considerável no número de hospitalizações”. A SES informou que recebeu orientações do CIEVS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) sobre o monitoramento da nova cepa. A secretaria reforçou a importância das ações de distanciamento social para prevenção ao coronavírus.

“A Secretaria de Estado de Saúde encaminhou aos municípios comunicado em relação à nova variante. Mato Grosso do Sul mantém o sequenciamento genômico das variantes do covid-19”, disse em nota.

Não existe um padrão exato para as ondas do coronavírus, é o que explica Everton. “A epidemiologia dos casos de Covid-19 no Brasil, ocorreram de forma diferente entre os estados brasileiros”.

Em MS, a pandemia começou de forma considerada tranquila, com baixa transmissão e mortes causadas pela doença. No entanto, o Estado passou a apresentar média móvel de casos elevada, maiores taxas de ocupação hospitalar e aumento no número de óbitos. Everton lembra que houve também a “redução da média de tempo de internação em UTI, com desfecho de óbito”.

Assim, o doutor afirma que são esses os fatores que indicam como está a gravidade sanitária do Estado. As pessoas podem estar mais suscetíveis a serem infectadas pelo coronavírus. Porém, a “redução de medidas restritivas e surgimento de novas variantes circulando no estado, contribuem para aumento de números de casos” e levam para um novo pico.

Como evitar um novo pico de Covid?

Com o aumento de casos e a possibilidade de um novo pico da Covid-19 em MS, algumas medidas podem evitar ou retardar este acontecimento. A Fiocruz destaca “a necessidade de aceleração da vacinação, do distanciamento físico entre pessoas fora da convivência domiciliar, da higiene frequente das mãos e do uso de máscaras de forma adequada”.

Além disto, a Fundação destaca que os governos devem realizar a reorganização e ampliação da estratégia de testagem. “É essencial para evitar novos casos, bem como reduzir a pressão sobre os serviços hospitalares”, defende a Fiocruz.

Everton diz que “embora, temos avançado na imunização contra a COVID19, prioritariamente nos grupos de risco, ainda não atingimos a imunidade de rebanho”. Para imunização do rebanho, especialistas afirmam que é preciso vacinar pelo menos 80% da população geral.

De acordo com o Vacinômetro, cerca de 10,8 mil pessoas são vacinadas por dia em MS. Considerando a média, o Estado levaria cerca de cinco meses para aplicar a primeira dose nos 80% da população, que são 2.247.515 pessoas.

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