Além da Semana Santa, preço alto da carne tira bife do almoço

Arroz, feijão, salada e bife acebolado, está aí um prato para poucas pessoas colocarem defeito, ao menos quando falamos de sabor. Mas em Campo Grande, o almoço que já se tornou típico entre os brasileiros, seja pela praticidade ou pelo baixo preço, vem deixando de estar presente nos pratos pelo alto valor da carne.

Para os religiosos, a carne vermelha deixa de ser uma opção durante a Semana Santa e muitas pessoas optam pelo peixe ou o frango, outros cortam a proteína animal de vez, mas essa mudança de hábito pode ir muito além desses sete dias que antecedem a Páscoa.

Os pais e mães que passam pelo açougue semanalmente para comprar a carne do churrasco ou então a famosa ‘misturinha’ da semana já sentiram quando manter a carne nas refeições diárias se tornou um problema nas economias familiares.

Problema esse que possui, até o momento, duas formas de ser solucionado: a substituição ou exclusão de vez do alimento. Opções sentidas pelos próprios açougues, como conta Carlos Arthur, proprietário de uma casa de carnes na Mata do Jacinto.

“Aqui não sentimos uma diferença entre carne de primeira ou de segunda, a pessoa continuou comprando o mesmo tipo de carne, mas em quantidade menos, aqui mesmo eu tive uma queda de 15% nas vendas no geral”, comentou.

Sem muito movimento, enquanto um de seus funcionários preparava os cortes, Matheus comentou sobre o comportamento dos clientes e destacou que os churrascos de finais de semana foram afetados.

“Agora o pessoal divide mais, faz churrasco com algumas pessoas, ninguém mais faz churrasco só para a família que mora na casa, tipo esposa e filhos, os clientes compram já para dividir e aí acaba diminuindo as vendas”, explicou.

Mas para grande parte da população é difícil preparar o almoço sem a proteína animal e é nesse cenário que o frango se torna uma alternativa. “Aqui nós também trabalhamos com a carne de frango e a de porco, a de frango deu uma boa subida, a gente percebe que as pessoas estão comprando porque ela ainda continua barata”, disse.

Ovo toma lugar da carne

A autônoma, Vanessa Palmas da Costa, é um exemplo, morando com o marido e dois filhos, ela brinca que “não está fácil comer carne todos os dias”. Ela saia do mercado com uma sacola de carne moída, cerca de 500g, quando foi parada pela reportagem e confessou: “isso aqui da no máximo para até amanhã”.

Com dois filhos pequenos, Vanessa não vê muita saída no ovo, e acabando se virando como pode com as carnes. “O jeito é fazer uma segunda misturinha para render, comprar frango que sai mais barato, a gente vai dando um jeito, só não dá para ficar sem comer carne”, finalizou.

Com uma sacola de verduras nas mãos, o servidor público João Carlos Petuco, brincou com a situação, dizendo que por não comer carne, o aumento não o afetou de maneira tão significativa.

“Pra falar bem a verdade a última vez que comprei carne foi há duas semanas e ainda por conta da minha esposa, que gosta de um quibe, um bife, eu ainda como um pouco mais de carne branca como peixe e frango, mas nada que faça falta também”, comentou.

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