Centrão aumenta pressão contra Pazuello
Os partidos do centrão —grupo informal alinhado ao governo Jair Bolsonaro em troca de espaço na administração pública— elevaram a pressão pela saída do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, após a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tabuleiro eleitoral em um momento em que o país vive o pior momento da pandemia do coronavírus.
Fora a ala mais fiel ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso, parlamentares concordam há algum tempo que a situação de Pazuello é “insustentável”.
No entanto, após Lula recuperar os direitos políticos, tornando-se elegível ao ter as condenações da Lava Jato anuladas, e fazer críticas contundentes ao governo Bolsonaro, o centrão, que tem entre seus principais líderes o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a defender a troca no Ministério da Saúde mais explicitamente.
Neste domingo (14), Lira cobrou alguém com capacidade técnica e política, chegando a citar o nome da cardiologista Ludhmila Hajjar nas redes sociais como um bom nome para substituir o general. Ela se reuniu hoje com o presidente da República.
Para o centrão, Lula é hoje o único político com força para confrontar Bolsonaro e causar estragos reais à avaliação de seu governo perante o eleitorado. Além de criticar Bolsonaro, o ex-presidente fez nesta semana um discurso com contrapontos a ele, saindo em defesa da vacina contra a covid-19 e o uso de máscaras.
“Lula mostrou que ele não vai dar trégua para o presidente Bolsonaro nas suas falas políticas e públicas. A situação do Bolsonaro era muito confortável, não é mais”, disse José Nelto (Podemos-GO). Ele é um dos vice-líderes do bloco composto por Podemos, PSL, PL, PP, PSD, MDB, PSDB, Republicanos, DEM, Solidariedade, PROS, PTB, PSC, Avante e Patriota.
O recado a Bolsonaro é mudar o discurso
Lideranças do centrão creem que, se Bolsonaro continuar insistindo em minimizar a pandemia e a tocar de forma lenta a vacinação em meio ao fortalecimento de Lula, seu capital político se esfacelará junto ao bloco que compõe sua base aliada no Congresso.
A ordem é já pensar nas eleições de 2022. Portanto, a ordem é também mudar o discurso.