Sem provas, professora de escola particular não é indiciada por supostos abusos contra crianças
Professora atualmente afastada de escola particular infantil, localizada em bairro nobre de Campo Grande, não foi indiciada por crimes de estupro de vulnerável ou maus-tratos, após denúncias feitas por famílias de alunos. A princípio, foram identificadas provas dos supostos crimes, que chegaram até a Polícia Civil em maio deste ano.
Em entrevista coletiva feita pela delegada titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Fernanda Mendes, e o delegado adjunto Marcelo Damaceno, foi esclarecido que não foram identificados indícios de estupro de vulnerável. Ao todo, foram feitas 5 denúncias por pais de crianças de 3 e 4 anos, sendo três meninas e dois meninos.
Apesar disso, em depoimento especial na delegacia, feito com acompanhamento de psicólogo, as crianças não confirmaram qualquer abuso. Apenas uma criança teria relatado possível caso de maus-tratos sofrido em junho de 2021, que ficará a cargo do Poder Judiciário para oferecer ou não denúncia contra a professora.
O caso em específico teria sido quando a professora colocou a criança sentada na cadeira, com força, e teria puxado o cabelo.
Imagens foram analisadas
Após as denúncias de abuso que teriam acontecido quando a professora levava as crianças ao banheiro, imagens das câmeras da escola foram apreendidas pela Depca. Foram 15 dias de filmagens analisados pelos policiais civis, que não identificaram qualquer alteração no comportamento da professora ou das auxiliares.
Também foi identificado que quem levava as crianças ao banheiro eram as funcionárias auxiliares. Além das filmagens, foi feita análise nos aparelhos eletrônicos recolhidos, da professora e também do marido dela, celulares e notebooks. Mais uma vez, nada foi localizado.
A delegada Fernanda Mendes esclareceu que há um perfil do abusador, sendo uma pessoa que costuma consumir material pornográfico, seja de pedofilia ou até mesmo de outros tipos. Isso não foi identificado na professora.
Ainda de acordo com as autoridades policiais, em quase todos os casos de estupro de vulnerável, é possível identificar o crime a partir do depoimento especial, feito na delegacia. No entanto, neste caso, as crianças não confirmaram os supostos abusos.
O advogado da escola, Bruno Resina, relatou que a professora seguirá afastada, por tempo indeterminado, até que possa retornar às atividades.
Suspeita de abusos em escola
As denúncias por parte de mães de alunos chegaram ao Midiamax em 12 de maio, quando as famílias procuraram a Depca. Um dos depoimentos colhidos foi de uma empresária de 42 anos que esteve na delegacia acompanhada do marido e da filha de 3 anos. Ela relatou que a filha descreveu situações compatíveis com abuso sexual por parte da professora. Na mesma ocasião, outras mães também relataram abusos e maus-tratos da mulher contra as crianças.
Em relato emocionado, a mulher contou que a filha reproduziu em casa ato libidinoso, que o Jornal Midiamax opta por não detalhar, a fim de preservar a vítima. A mãe, então, questionou sobre quem teria feito aquilo com a criança e, inclusive, perguntou se teria sido alguém do convívio da família.
No entanto, a resposta da criança teria sido que a professora teria repetido os gestos com ela. A menina ainda teria relatado outros tipos de abuso. Abalada, a mãe levou a menina na psicóloga em que ela fazia terapia, de onde recebeu indicação de uma terapeuta infantil. A criança também foi levada em profissional ginecologista.
Teria sido no Dia das Mães que a empresária encontrou uma amiga na escola. A filha estuda com a menina de 3 anos e a mulher comentou sobre o ocorrido, já que no sábado a criança teria novamente reproduzido o ato. A amiga da empresária, então, relatou que o mesmo estava acontecendo com a filha dela.
Em conversa com a criança, a mãe descobriu que a professora estaria praticando os atos no recreio. Já a filha da amiga da empresária teria relatado que a filha já não queria mais tirar as roupas para tomar banho e que sentia incômodo no órgão genital. Até o momento, 5 boletins de ocorrência foram registrados na Depca e o caso está em investigação.
Emocionada, a mãe relatou que foi a primeira a procurar a delegacia. “Não quero fazer mal para ninguém, mas não queria que tivessem feito mal pra minha filha. Queria que fosse mentira, que não fosse verdade, mas está acontecendo na minha família. Não pedi pra que isso acontecesse com a gente”, declarou.
Ela ainda contou que está se sentindo mal. “Parece que a culpa é minha, porque fui a primeira a vir aqui. Não sei o que fazer”, disse sobre a repercussão do caso.
Os nomes da escola, da professora e das mães não serão divulgados, de modo a preservar a identidade das crianças, conforme preconiza o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).