Febre do momento, ‘Pix de R$ 1’ pode ser golpe, esquema de pirâmide e até roubar dados
Os grupos de Pix por R$ 1 real no WhatsApp estão se tornando febre nas redes sociais. No entanto, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul alerta para risco de golpe. Aqueles que decidem participar em busca de dinheiro fácil podem acabar caindo em um esquema de pirâmide financeira ou, ainda pior, podem ter dados pessoais e bancários roubados.
Os convites surgem pela internet. Geralmente são ofertas tentadoras para ganhar uma renda extra praticamente sem esforço. Os golpistas, como na maioria das vezes, convencem a vítima a ‘investir’ em uma oportunidade única de lucro fácil. Desta forma, oferecem a possibilidade de ingressar em um grupo ‘vip’ a partir do pagamento via PIX.
O valor geralmente é de R$ 1, mas pode chegar até R$ 5 em alguns casos. O interessado então paga ao administrador do grupo via transferência bancária e, uma vez com a transação consolidada, é adicionado ao grupo na condição de administrador, para que possa convidar mais participantes que irão lhe pagar. Assim, as pessoas ficam tentadas a entrar em mais grupos e enviar cada vez mais convites, até que não haja mais como todos que receberem.
No entanto, a Polícia Civil alerta para os riscos dessas operações. O delegado João Eduardo Davanço, titular das Depacs (Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário) de Campo Grande, disse que ainda não foram registrados boletins de ocorrência envolvendo casos do tipo na capital, mas afirma que não ficaria surpreso se as primeiras denúncias surgirem nos próximos dias.
Como é um esquema relativamente novo, ainda não houve tempo suficiente para que haja uma saturação, até porque leva tempo para que os grupos fiquem cheios e novos sejam criados. “É aquela velha história, quem ficar por último vai acabar no prejuízo. Em certo ponto, o sistema [de pirâmide] tende a ficar insustentável e não haverá pagamento para todos”, pontua.
Segundo ele, caso seja comprovada a existência do esquema de pirâmide, os envolvidos podem ser enquadrados na Lei 1.521 de 1951, que versa sobre os crimes contra a economia popular. Ele pontua ainda que apesar do valor para participar parecer pequeno, o risco maior vem por conta da possibilidade de exposição de dados pessoais e bancários, a exemplo do telefone e os próprios dados do PIX. Tudo pode ser um gatilho para clonagem de contas e acessos indevidos.
“[…] é algo que chama a atenção pelo lucro fácil, mas historicamente já temos visto vários casos de pirâmide. São falsas facilidades que ao longo do tempo acabam se desmistificando e resultando em prejuízo. O que a polícia orienta é que o cidadão deve sempre desconfiar dessas oportunidades e configurar seus aplicativos, restringindo informações e fortalecendo a segurança”, disse.
Outro detalhe é que tais grupos, mais do que uma falsa fonte de renda, podem estar sendo criados justamente para que criminosos consigam com mais facilidade dados de pessoas desavisadas. “Alguns criminosos podem usar o artifício do envio de código de validação, para confirmar a participação. Assim, acabam clonando o WhatsApp ou acessando as contas da pessoa”.
Por isso, todo cuidado é pouco. “O estelionatário sempre busca iludir as pessoas com lucro fácil. Usa uma conversa ardilosa e acaba convencendo facilmente quem tem olho grande. Não falo isso somente do caso dos grupos do PIX, mas também daqueles veículos que são vendidos abaixo do valor de mercado, por exemplo. A vítima acredita que é um bom negócio e caiu em golpe”.