Instituto Butantan detecta três novas variantes de Covid-19 circulando em SP
Três novas variantes da Covid-19 foram detectadas recentemente por pesquisadores do Instituto Butantan no estado de São Paulo. As novas cepas foram encontradas na Baixada Santista, em Itapecerica da Serra e na cidade de Jardinópolis, interior do estado.
Na Baixada Santista, foi identificada a B.1.351, variante sul-africana, que já havia sido identificada em Sorocaba. Em Itapecerica da Serra os pesquisadores identificaram a variante B.1.318, cepa já encontrada na Suíça e também no Reino Unido.
A variante N9, que é uma mutação da variante amazônica P1, já encontrada em vários estados, foi a cepa identificada na cidade de Jardinópolis.
De acordo com o Butantan, a variante sul-africana é de preocupação, enquanto a N9 e a sueca são, por enquanto, variantes de interesse, que devem ser observadas com atenção, mas que ainda não foram associadas ao agravamento da pandemia.
O Instituo informa que ainda é cedo para avaliar se estas variantes brasileiras já amplamente descritas, a P1 e a P2.
O Butantan explica que as detecções foram feitas na semana epidemiológica, ou seja, no período de uma semana em que o Butantan realiza a vigilância de novas variantes por meio do sequenciamento genômico de parte das amostras positivas diagnosticadas nos laboratórios do Instituto.
A identificação e mapeamento de novas cepas é outra frente de atuação do Butantan na pandemia. A partir das descobertas de novas cepas, os cientistas pesquisam como as variantes se comportam em relação ao estado clínico, qual sua relevância no contexto da pandemia e se a vacina CoronaVac é capaz de combatê-las.
As conclusões são levadas em consideração para a elaboração de novas vacinas – como a ButanVac – e, se houver necessidade, na atualização de vacinas existentes, como a CoronaVac.
“Esses estudos mostram que tem muita variante em São Paulo. Precisamos de políticas de contenção e respeitar o distanciamento para que a gente não fique espalhando variantes”, explica a vice-diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Instituto Butantan, Maria Carolina Quartim Barbosa Elias Sabbaga.
A vacina Coronavac é eficaz contra a mutação D614G do vírus SARS-CoV-2, que predomina atualmente no mundo e é comum às linhagens B.1.1.28, da qual derivam as variantes P.1, amazônica, e P.2, surgida no Rio de Janeiro, e B.1.1.33, da qual deriva a variante N9, conforme estudo divulgado pela Sinovac, farmacêutica chinesa parceira do Butantan na produção da CoronaVac.
Dados iniciais de um estudo preliminar realizado em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo apontam que a vacina do Butantan também é capaz de combater as variantes P.1 e P.2.
A conclusão foi reforçada por resultados preliminares de uma pesquisa sobre o impacto da CoronaVac em mais de 67 mil profissionais da saúde de Manaus que tiveram diagnóstico confirmado de Covid-19. A análise comprovou que a vacina tem 50% de eficácia contra a variante P.1 14 dias após a aplicação da primeira dose.
As vacinas compostas de vírus inativado, como a CoronaVac, possuem todas as partes do vírus. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente em relação ao que ocorre com outras vacinas que utilizam somente uma parte da proteína Spike (proteína utilizada pelo coronavírus para infectar as células). A vacina inativada do Butantan consegue ter uma proteína Spike completa.