Pediatra questionou mãe de Henry sobre causa da morte

Um diálogo recuperado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro no celular de Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, mostra que uma prima pediatra a procurou para tentar entender como a criança morreu. 

Nas mensagens, a médica fala “queria saber pois ele era tão bem cuidado. Eu não consigo imaginar o que pode ter acontecido.”

A pediatra é a mesma com quem Monique Medeiros trocou mensagens no dia 18 de fevereiro, seis dias após um suposto episódio de agressão do vereador Jairo Souza Santos Júnior (sem partido), o Dr. Jairinho, a Henry.

Na data, Monique relatou à prima: “Henry está com medo excessivo de tudo, tem um medo intenso de perder os avós, está tendo um sofrimento significativo e prejuízos importantes nas relações sociais, influenciando no rendimento escolar e na dinâmica familiar. Disse até que queria que eu fosse pro céu pra morar com meus pais em Bangu. Quando vê o Jairinho ele chega a vomitar e tremer.”

A nova conversa recuperada pela Polícia Civil aconteceu 20 dias depois, em 10 de março. Em mensagem enviada a Monique às 18h59, a prima questiona se saiu o novo laudo. Ela se refere ao laudo complementar da necropsia feito no corpo de Henry, que apontou laceração no fígado e hemorragia interna.

Um minuto depois, Monique responde: “Jairinho disse que saiu um bem detalhado que foi direto pra delegacia. Não sabemos o que está descrito”. 

A médica então afirma que gostaria de saber o conteúdo do laudo, pois Henry “era tão bem cuidado” e não consegue imaginar o que teria acontecido. Monique responde: “Estou até agora sem entender por que isso foi acontecer com meu menino”.

Seis dias depois, Monique envia mensagem para a prima e diz: “Prima, me ajuda a entender. Consegui agora. Ele chegou morto prima?” A médica, então, responde que sim: “foi feito tudo é (sic) não voltou em nenhum momento”. 

Cerca de 12 horas depois, a pediatra pergunta à mãe de Henry se o advogado conseguiu acesso ao laudo. Monique confirma que sim e que a causa da morte foi hemorragia.

A médica responde: “Quando você puder e se puder me manda a foto pois eu gostaria de entender também o que aconteceu já que eu acompanhava ele e sei que era saudável”, afirma às 22h57 do dia 16 de março.

O diálogo consta no inquérito policial da 16ª Delegacia da Barra da Tijuca, em que Monique Medeiros e o vereador Dr. Jairinho são investigados por homicídio duplamente qualificado. 

A mãe de Henry abandonou a defesa conjunta com o namorado e os novos advogados pedem à polícia que ela preste um segundo depoimento. No primeiro, ela negou qualquer problema de relacionamento entre o filho e companheiro.

Troca de mensagens

10/03/2021
Renata: 
Saiu o novo laudo?
18:59 

Monique: 
Prima, Jairinho disse que saiu um bem detalhado que foi direto pra delegacia.
Não sabemos o que está escrito
19:00 

Renata: 
Vc não viu?
19:00 

Monique: 
Não. Ninguém viu
19:01 

Renata: 
Queria saber pois ele era tão bem cuidado
Eu não consigo imaginar o que pode ter acontecido
19:01 

Monique: 
Estou até agora sem entender por que isso foi acontecer com meu menino
19:02 

16/03/2021

Monique: 
Prima, me ajuda a entender
Consegui agora
Ele chegou morto prima?
10:06 

Renata: 
Sim
Foi feito de tudo é não voltou em nenhum momento
10:20

Renata: 
O advogado já teve acesso ao laudo?
22:32 

Monique: 
Já teve
22:37 

Renata: 
E chegou a que conclusão?
Foi hemorragia mesmo?
22:37 

Monique: 
Foi sim
22:55

Renata: 
Quando você puder e se puder me manda a foto pois eu gostaria de entender também o que aconteceu já que eu acompanhava ele é sei que era saudável
22:57

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