Vacinas da Pfizer e de Oxford são eficazes contra variante brasileira, aponta estudo preliminar
Um estudo realizado pela Universidade de Oxford e por pesquisadores brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que as vacinas da Pfizer/BioNTech e de Oxford/AstraZeneca são eficazes contra a variante brasileira do coronavírus, apelidada de P1. A nova cepa foi relatada pela primeira vez em dezembro de 2020, em Manaus. Para a vacina da Pfizer, o soro utilizado foi coletado de 4 a 14 dias após a segunda dose da vacina. Para a vacina de Oxford, o soro foi coletado de 14 a 28 dias após a segunda dose. A variante brasileira, assim como a variante britânica, foi menos resistente às duas vacinas do que a variante africana, a B.1.351. O mesmo aconteceu quando inseriram as amostras em soro de plasma convalescente, que contém anticorpos surgidos após uma infecção natural pelo vírus. Neste caso, a B.1.351 também foi mais resistente aos anticorpos do que as outras duas variantes.
O estudo, que ainda não foi revisado pelos pares, analisou a mutação na proteína Spike e apontou que a maior afinidade do receptor pode levar a um aumento da transmissibilidade do vírus, permitindo que as três variantes se tornem cepas dominantes nas regiões onde surgiram. Apesar das semelhantes mutações entre a variante brasileira e a africana, os pesquisadores afirmaram que a razão para as diferenças na neutralização da B.1.351 e da P.1 pelo soro imune ainda não são claras, “mas presumivelmente refletem a diferença nas mutações introduzidas fora do RBD”, apontam. O domínio receptor-obrigatório (RBD) é um fragmento de um vírus se liga a uma sequência específica do receptor. Os cientistas mostraram preocupação com a B.1.351, cepa africana, que se mostrou mais resistente aos anticorpos. Em alguns casos, o estudo relatou falha completa na neutralização da variante. Por isso, os pesquisadores consideram que o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a B.1.351 deva ser uma prioridade.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou registro definitivo da vacina de Oxford, que no país, está sendo produzido pela Fiocruz. Apesar de ainda não estar sendo administrada no Brasil, a Anvisa também já concedeu o registro definitivo para a vacina da Pfizer. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou na segunda-feira, 15, que fechou o contrato de compra do imunizante, mas as doses ainda não chegaram no Brasil. O aval permanente da Anvisa é um sinal verde para que o imunizante seja distribuído e utilizado para toda a população prevista na bula — não apenas pelos grupos prioritários, permitidos no uso emergencial. Além do imunizante de Oxford, a CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, também está sendo aplicada no Brasil. A vacina também se mostrou eficaz contra a variante brasileira.